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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Efeito da cafeína nos exercícios físicos


Na busca do sucesso esportivo de alto nível, treinadores, nutricionistas, médicos e cientistas têm lançado mão de inúmeros recursos ergogênicos no intuito de potencializar a performance ou atenuar os mecanismos geradores de fadiga de seus atletas. A fadiga é apontada como fator limitante da performance e constitui um fenômeno complexo ou até mesmo um conjunto de fenômenos de interação simultânea com diferentes graus de influência, dependendo da natureza do exercício físico.Nesse sentido, a utilização de suplementos nutricionais como recursos ergogênicos tem se mostrado eficiente por retardar o aparecimento da fadiga e aumentar o poder contrátil do músculo esquelético e/ou cardíaco, aprimorando, portanto, a capacidade de realizar trabalho físico, ou seja, a performance atlética.
A cafeína, embora não apresente qualquer valor nutricional, tem sido considerada por alguns pesquisadores um ergogênico nutricional, por estar presente em vários produtos comerciais consumidos diariamente. Assim sendo, a cafeína tem sido utilizada com grande freqüência como substância ergogênica de forma aguda, previamente à realização de exercícios físicos, com o intuito de protelar a fadiga e, conseqüentemente, aprimorar a performance, sobretudo em atividades de média e longa duração.

A cafeína (1,3,7 - trimetilxantina) é um derivado da xantina, quimicamente relacionada com outras xantinas: teofilina (1,3 - dimetilxantina) e teobromina (3,7 - dimetilxantina) que se diferenciam pela potência de suas ações farmacológicas sobre o sistema nervoso central. É considerada, juntamente com as anfetaminas e a cocaína, uma droga estimulante psicomotora, possuindo um efeito acentuado sobre a função mental e comportamental que produz excitação e euforia, redução da sensação de fadiga e aumento da atividade motora. Encontrada naturalmente em grãos de café, em chás, chocolates, grãos de cacau, e nozes da planta cola que está presente em refrigerantes a base de cola. Cerca de 95% da cafeína ingerida é metabolizada pelo fígado, e só cerca de 3% a 5% é recuperada na sua forma original na urina.



A cafeína, até pouco tempo atrás, era considerada doping pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), se fosse encontrada uma concentração maior do que 12mg/ml na urina do atleta. Esse valore pode ser alcançados com a ingestão de 4 a 7 xícaras de café (600 a 800 mg) consumidos num período de 30 minutos. Ainda, indivíduos os quais degradam a cafeína lentamente ou excretam grandes quantidades de cafeína não metabolizada na urina, tinham elevado risco de atingir os valores considerados doping. Além disso, a ingestão de tabletes de cafeína, que parecem aumentar a absorção da droga quando comparados à ingestão no próprio café, ou o uso de supositórios de cafeína ou de injeções, atingiam facilmente os valores considerados doping.

Acredita-se que a cafeína possua mecanismos de ação central e periférica que podem desencadear relevantes alterações metabólicas e fisiológicas, as quais melhorariam a performance. Dessa forma, tem sido proposto pelo menos duas teorias que podem tentar explicar o efeito ergogênico da cafeína durante o exercício físico de média e longa duração. 
A primeira envolve o efeito direto da cafeína em alguma porção do sistema nervoso central, afetando a percepção subjetiva de esforço e/ou a propagação dos sinais neurais entre o cérebro e a junção neuromuscular. Contudo, essa hipótese é ainda extremamente especulativa, haja vista as grandes limitações que envolvem esse tipo de investigação.  A segunda teoria diz respeito ao aumento na oxidação das gorduras e redução na oxidação de carboidratos (CHO). Acreditava-se que a cafeína poderia gerar um aumento na mobilização dos ácidos graxos livres dos tecidos e/ou nos estoques intramusculares. Esse efeito, supostamente, ocorreria de maneira indireta por meio do aumento na produção de catecolaminas na circulação, particularmente a epinefrina, ou diretamente antagonizando os receptores de adenosina, um importante regulador do metabolismo lipídico, que normalmente inibem a mobilização dos ácidos graxos livres (AGLs), aumentando a oxidação da gordura muscular e reduzindo a oxidação de CHO. 
Pesquisas recentes têm indicado que a ação da cafeína nos estoques de glicogênio parece ocorrer independentemente da ação da epinefrina. Assim sendo, o que tem sido observado por alguns pesquisadores é que a ação da cafeína parece estar diretamente relacionada à antagonização dos receptores de adenosina que normalmente inibem a mobilização dos ácidos graxos livres (AGLs). Aparentemente, este fator poderia contribuir no aumento da oxidação da gordura muscular, reduzindo a oxidação de CHO e, dessa forma, melhorar o rendimento nos exercícios físicos prolongados em conseqüência de uma redução na disponibilidade de CHO, visto que sua acentuada depleção tem sido apontada como um fator limitante do desempenho físico.



Efeitos colaterais

O modelo atual de esporte tem contribuído para uma busca incessante de resultados, o que tem levado atletas à utilização de diferentes substâncias, desconsiderando os conceitos éticos e de saúde. Ao que parece, o consumo de cafeína objetivando a melhoria da performance, tem sido feito de forma indiscriminada e sem os cuidados necessários. A ingestão de altas doses de cafeína (10-15 mg/kg de peso corporal) não é recomendada, pois os níveis plasmáticos de cafeína podem alcançar valores tóxicos de até 200 µm.Os efeitos colaterais causados pela ingestão de cafeína ocorrem em maior proporção em pessoas suscetíveis e que utilizam esta substância em excesso. A cafeína pode prejudicar a estabilidade de membros
superiores, induzindo-os a trepidez e tremor, resultantes da tensão muscular crônica, e ainda
induzir a insônia, nervosismo, irritabilidade, ansiedade, náuseas e a desconforto gastrointestinal. Os problemas estomacais podem ser agravados por quem já apresenta tendência para gastrite ou úlcera, principalmente quando ingerida em jejum.

Referências:
http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/rpcd/v5n1/v5n1a10.pdf
http://www.totalnutrition.com.br/cafeina13.htm

Postado por Camila Nedel.







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