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domingo, 10 de fevereiro de 2013

O efeito das bebidas isotônicas

Bebidas isotônicas são repositores hidrolíticos formulados a partir da concentração variada de eletrólitos, associada a concentrações variadas de carboidratos, com o objetivo de reposição hídrica e eletrolítica decorrentes da prática de atividade física. Esses produtos, segundo a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), devem apresentar concentrações variadas de sódio, cloreto e carboidratos. Opcionalmente, podem conter potássio, vitaminas e/ou minerais em concentrações semelhantes às encontradas nos fluidos orgânicos. Por outro lado, os repositores energéticos são produtos formulados com  nutrientes que permitam o alcance e/ou manutenção do nível apropriado de energia para atletas. São produtos nos quais os carboidratos devem constituir, no mínimo, 90% dos nutrientes energéticos presentes na formulação. Opcionalmente, estes produtos podem conter vitaminas e/ou minera, ou ainda cafeína e alguns aminoácidos. A fortificação de bebidas isotônicas e energéticas com vitaminas tem sido uma prática adotada pela maioria das indústrias do ramo, sendo as vitaminas do complexo B, vitaminas C e ácido fólico as principais encontradas nos produtos. Vitaminas lipossolúveis, como A e E, também podem ser encontradas pelo uso de microencapsulação. Além da função repositória após exercícios físicos, as bebidas fortificadas podem ser utilizadas para outros objetivos, como por ex., para controlar deficiências vitamínicas em comunidades carentes, além de prevenir doenças. A manutenção do organismo com níveis adequados de água é importante para o sistema cardiovascular, para a termorregulação  e para o desempenho físico durante a prática de exercícios. Cerca de 60% da massa corporal é constituída por água, ou seja, 42 litros para um indivíduo pesando cerca de 70 Kg. Se, por um lado, a perda hídrica durante o exercício vai gerar um estado de desidratação, com diminuição do rendimento e prejuízos no mecanismo de termorregulação  por outro lado, um estado de hiper-hidratação também é prejudicial, já que pode causar desconforto gástrico e hiponatremia.
 O sangue, que contribui com 5 a 6 litros, tem por função levar o oxigênio e outros nutrientes para a execução do trabalho muscular, e transportar o calor produzido pelos músculos para a pele, onde ocorre a evaporação do suor, que auxilia na dissipação do calor para o meio ambiente. Se os líquidos perdidos através da sudorese, produção de urina e por outras vias, não é reposto adequadamente, o indivíduo pode morrer em alguns dias devido à desidratação. Em competições esportivas, a irrigação sanguínea inadequada em nível muscular ou o acúmulo excessivo de calor devido a uma dissipação insuficiente, ocasiona uma queda no desempenho atlético e uma sensação de mal-estar.


Hidratação entre as sessões de exercício

    Quando ingerimos grandes volumes de fluidos com o intuito de aumentar o volume de água do corpo, uma grande quantidade desta é eliminada através da urina. É importante ingerir o equivalente a 150% ou mais do peso perdido pela desidratação, se o objetivo é atingir um estado de normohidratado. Eles demonstraram também ser importante a adição adequada de eletrólitos, como o sódio, ao líquido rehidratante para diminuir as perdas urinárias. Conclusões similares, a respeito da importância da rehidratação antes dos exercícios, enfatizando as propriedades osmóticas da bebida, a adição de sódio e outros eletrólitos assim como de carboidratos, foram obtidas por GREENLEAF et al. (1998) e por DEARBORN et al. (1999).
    As vantagens da reidratação  com uma solução contendo carboidratos e eletrólitos no desempenho atlético, foi demonstrada, quando submeteu indivíduos a correrem em uma esteira a 70% do VO2max por 90 min. ou até a fadiga. Imediatamente após a corrida, os indivíduos beberam 1 litro de água como placebo ou então uma solução contendo eletrólitos e 6,9% de carboidratos. Um segundo litro das mesmas soluções foi consumido 2 horas depois. Esse volume corresponde a cerca de 109 a 116% do volume de suor evaporados na primeira corrida, e foi suficiente para repor 63 a 66% do suor perdido. Após 4 horas de recuperação da primeira corrida, os sujeitos repetiram a corrida até a exaustão. O grupo parcialmente reidratado com a solução de carboidratos e eletrólitos, alcançaram a exaustão após 62 minutos, enquanto aqueles que beberam água permaneceram em atividade por somente 39,8 minutos.

Hiperhidratação

    Existe controvérsia se o aumento da quantidade de água do organismo em uma situação de normohidratado (euhidratado) afeta positivamente o organismo. Um dos principais fatores que contribui para essa controvérsia reside na quantidade de líquidos que é ingerida durante a atividade física.
    Os efeitos positivos da hiper-hidratação são mais difíceis de serem detectados se as perdas através da sudorese são totalmente repostas durante os exercícios. Já está muito bem documentado cientificamente que a reposição de fluidos durante os exercícios de longa duração é mais importante que a hiper-hidratação prévia. Também é pouco provável que a hiper-hidratação pré-exercícios traga alguma vantagem extra, caso seja feita uma hidratação adequada durante o transcorrer do evento. Entretanto, sabe-se que é raro entre os atletas ocorrer uma reposição integral de fluidos durante um evento esportivo, sendo esta geralmente menor que 50% dos líquidos perdidos através do suor e da urina. A hiper-hidratação prévia parece retardar o aparecimento da desidratação por algum tempo, embora não seja eficiente na proteção contra os efeitos negativos de uma hipertermia progressiva.
    Já a hiper-hidratação induzida por ingestão de grandes volumes de líquidos pode levar a um desconforto gastrointestinal, que inclui vômitos, se a velocidade de esvaziamento gástrico não for rápida. Para a maior parte dos atletas, a ingestão de 250 a 500 ml de água ou de uma solução moderadamente concentrada, (5 a 7%) de carboidratos e eletrólitos, 20 minutos antes dos exercícios é bem tolerada.

Referências:
http://www.scielo.br/pdf/%0D/qn/v29n4/30249.pdf
http://www.efdeportes.com/efd119/reposicao-hidrica-em-atletas.htm
DEARBORN, A.S.; ERTL, A.C.; JACKSON, C.G.R.; BARNES, P.R.; BRECKLER, J.L.; GREENLEAF, G.E. Effect of glucose-water ingestion on exercise thermoregulation in men dehydrated after water immersion. Aviat. Space. Environ. Med. v.70, p.35-41, 1999.

Postado por Camila Nedel