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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Contração Muscular

Através do tecido muscular esquelético, nosso corpo converte energia química em energia mecânica, permitindo assim a movimentação corporal. O corpo humano é composto por aproximadamente 600 músculos esqueléticos, estes caracterizados por possuírem contração voluntária e descontínua. Para entendermos como ocorre o mecanismo de contração muscular, devemos saber como as estruturas musculares estão organizadas.

O músculo é fortemente preso ao osso através dos tendões, um tecido conjuntivo que se entrecruza com as fibras colágenas do próprio osso. Cada músculo é composto por vários feixes musculares, os quais são envolvido pelo perimísio, uma camada de tecido conjuntivo que garantirá inervação e manterá estas estruturas unidas. As células musculares são conhecidas como fibras musculares por serem alongadas e cilíndricas. Cada fibra muscular é envolvida pelo endomísio, com função semelhante a do perimísio.


As fibras musculares são compostas por diversas miofibrilas, as quais comportam proteínas em forma de filamentos finos e grossos, actina e miosina, respectivamente. Estes filamentos serão os principais agentes durante uma contração muscular, pois irão deslizar, sobrepondo um ao outro.


ETAPAS DA CONTRAÇÃO MUSCULAR

1) Um impulso nervoso trafega ao longo de um nervo motor até suas terminações localizadas nas fibras musculares;

2) Uma substância neurotransmissora é secretada nessas terminações, a acetilcolina;

3) A acetilcolina atua nas fibras musculares, abrindo canais acetilcolina-dependentes nos filamentos proteicos;

4) A abertura destes canais permite o fluxo de íons sódio para dentro das fibras musculares, desencadeando um potencial de ação que faz com que o retículo sarcoplasmático libere uma grande quantidade de íons cálcio;

5) Os íons cálcio provocam forte interação entre os filamentos actina e miosina, fazendo com que deslizem entre si, constituindo uma contração muscular;

6) Os íons cálcio retornam para o retículo sarcoplasmático e dão fim à contração muscular.

Bioquimicamente falando, a contração muscular se inicia pela combinação de Ca²+ com uma subunidade da troponina (TnC), o que expõe o local ativo da actina que se combina com a miosina. Na etapa seguinte, a cabeça da miosina liga-se à actina e o ATP se decompões em ADP e energia, produzindo movimento da "cabeça" da miosina. Em consequência dessa modificação da miosina, o filamento fino desliza sobre o filamento grosso. Esse processo, que se repete muitas vezes durante um ciclo de contração, leva a uma sobreposição completa dos filamentos de actina e miosina e ao encurtamento da fibra muscular. A animação a seguir demonstra este processo.

A estrutura vermelha corresponde à miosina, que recebe energia da decomposição do ATP, representado pelo cone cinza.

As esferas laranjadas constituem o filamento proteico actina.

A estrutura azul é a tropomiosina que se liga às estruturas roxas, troponinas. Percebe-se ainda que numa dessas moléculas de troponina (TnC) se liga a pequena esfera amarela, o cálcio.


IMPULSO NERVOSO ANTECEDENTE À CONTRAÇÃO MUSCULAR

O músculo esquelético estriado possui contração voluntária, isto é, ocorre a partir de um estimulo intencional. Portanto, a contração começa numa célula nervosa chamada motoneurônio que se estende até o músculo e se ramifica, ligando-se firmemente ao sarcolema de uma fibra muscular (região denominada placa motora). Através de sinapses nervosas, o terminal axonal interage com a placa motora, produzindo acetilcolina. A membrana plasmática do músculo (sarcolema) torna-se permeável ao sódio, despolarizando a membrana da fibra muscular e fazendo com que o retículo sarcoplasmático libere para as miofibrilas grande quantidade de íons cálcio, os quais promoverão a contração muscular. Quanto mais enervada a fibra muscular, mais preciso é seu movimento.

CURIOSIDADE: RIGOR MORTIS

É causado por uma mudança química nos músculos, causando aos membros do cadáver um endurecimento (rigor) e impossibilidade de mexê-los ou manipulá-los. Tipicamente o rigor acontece várias horas após a morte clínica e volta espontaneamente depois de dois dias, apesar do tempo de início e duração depender da temperatura ambiente.
A causa bioquímica do rigor mortis é a hidrólise do ATP no tecido muscular, a fonte de energia química necessária para o movimento. Moléculas de miosina derivados do ATP se tornam permanentemente aderentes aos filamentos e os músculos tornam-se rígidos. A circulação sanguínea cessa, assim como o transporte do oxigênio. Os sistemas enzimáticos continuam funcionando após algum tempo de morte. Assim, a glicólise continua de forma anaeróbica, gerando ácido lático, que produz abaixamento do pH. Neste momento, actina e miosina unem-se formando actomiosina, que contrai fortemente o músculo.


Referências Bibliográficas:
Fisiologia do Exercício ( William McArdle, Frank Katch, Victor Katch )
Histologia Básica (Luiz C. Junqueira e José Carneiro)
Fisiologia da Contração Muscular (Alice Teixeira Ferreira - UNIFESP)
http://treinonutricional.blogspot.com.br/2012/05/contracao-muscular.html
http://biobioexercicio.blogspot.com.br/2010/07/mecanismo-de-contracao-muscular.html


                                                                                                                         Postado por Lucas Jezuino

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Proteínas do soro do leite


          As proteínas do soro do leite, também conhecidas como whey protein, são extraídas durante o processo de fabricação do queijo. Possuem alto valor nutricional, contendo alto teor de aminoácidos essenciais, especialmente os de cadeia ramificada. Também apresentam alto teor de cálcio e de peptídeos bioativos do soro. Pesquisas recentes demonstram sua grande aplicabilidade no esporte, com possíveis efeitos sobre a síntese proteica muscular esquelética, redução da gordura corporal, assim como na modulação da adiposidade, e melhora do desempenho físico.
          Atletas, praticantes de atividades físicas, pessoas fisicamente ativas e até mesmo portadores de doenças, vêm procurando benefícios nessa fonte proteica. Evidências recentes sustentam a teoria de que as proteínas do leite, incluindo as proteínas do soro, além de seu alto valor biológico, possuem peptídeos bioativos, que atuam como agentes antimicrobianos, anti-hipertensivos, reguladores da função imune, assim como fatores de crescimento.



          As proteínas do soro do leite apresentam uma estrutura globular contendo algumas pontes de dissulfeto, que conferem um certo grau de estabilidade estrutural. As frações, ou peptídeos do soro, são constituídas de: beta-lactoglobulina (BLG), alfa-lactoalbumina (ALA), albumina do soro bovino (BSA), imunoglobulinas (Ig's) e glico-macropeptídeos (GMP).
           A BLG é o maior peptídeo do soro. Apresenta médio peso molecular, o que lhe confere resistência à ação de ácidos e enzimas proteolíticas presentes no estômago, sendo, portanto, absorvida no intestino delgado. É o peptídeo que apresenta maior teor de aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA).
          Em termos quantitativos, a ALA é o segundo peptídeo do soro do leite bovino e o principal do leite humano. Com peso molecular de 14,2kDa, caracteriza-se por ser de fácil e rápida digestão. Contém o maior teor de triptofano entre todas as fontes proteicas alimentares, sendo, também, rica em lisina, leucina, treonina e cistina. A ALA é precursora da biossíntese de lactose no tecido mamário e possui a capacidade de se ligar a certos minerais, como cálcio e zinco, o que pode afetar positivamente sua absorção. Além disso, a fração ALA apresenta atividade antimicrobiana contra bactérias patogênicas.
          A BSA corresponde a cerca de 10% das proteínas do soro do leite. É um peptídeo de alto peso molecular, rico em cistina, e relevante precursor da síntese de glutationa. Possui afinidade por ácidos graxos livres e outros lipídeos, favorecendo seu transporte na corrente sangüínea.
          As Ig's são proteínas de alto peso molecular. No leite humano, a IgA constitui a principal imunoglobulina. Suas principais ações biológicas residem na imunidade passiva e atividade antioxidante.
           GMP é um peptídeo resistente ao calor, à digestão assim como a mudanças de pH. Na verdade, o GMP é um peptídeo derivado da digestão da caseína-kapa, pela ação da quimosina durante a coagulação do queijo. Essa fração está presente em um tipo de proteína do soro, conhecida como whey rennet. Apresenta alta carga negativa, que favorece a absorção de minerais pelo epitélio intestinal, e, assim como a fração BLG, possui alto teor de aminoácidos essenciais.
          A diminuição da massa muscular esquelética está associada à idade e à inatividade física. Já está suficientemente comprovado que a manutenção ou o ganho de massa muscular esquelética, principalmente em pessoas idosas, contribui para uma melhor qualidade e prolongamento da vida. Exercícios físicos, principalmente os resistidos com pesos, são de extrema importância para impedir a atrofia e favorecer o processo de hipertrofia muscular, melhorando a qualidade de vida dos indivíduos. Além disso, a nutrição exerce papel fundamental nesse processo. 
          A ingestão de proteína ou aminoácidos, após exercícios físicos, favorece a recuperação e a síntese proteica muscular. Além disso, quanto menor o intervalo entre o término do exercício e a ingestão proteica, melhor será a resposta anabólica ao exercício.
           Existem diferentes vias pelas quais as proteínas do soro favorecem a hipertrofia muscular e o ganho de força, otimizando, dessa forma, o treinamento e o desempenho físico. A quantidade e o tipo de proteína ou de aminoácido, fornecidos após o exercício, influenciam a síntese proteica.
          O perfil de aminoácidos das proteínas do soro, principalmente ricas em leucina, pode, desta forma, favorecer o anabolismo muscular. Além disso o perfil de aminoácidos das proteínas do soro é muito similar ao das proteínas do músculo esquelético, fornecendo quase todos os aminoácidos em proporção similar às do mesmo, classificando-as como um efetivo suplemento anabólico.
          O conceito de proteínas com diferentes velocidades de absorção tem sido, recentemente, utilizado por profissionais e cientistas que trabalham com desempenho físico. Estudos demonstram que as proteínas do soro são absorvidas mais rapidamente que outras, como a caseína, por exemplo. Essa rápida absorção faz com que as concentrações plasmáticas de muitos aminoácidos, inclusive a leucina, atinjam altos valores logo após a sua ingestão. Além de aumentar as concentrações plasmáticas de aminoácidos, a ingestão de soluções contendo as proteínas do soro aumenta, significativamente, a concentração de insulina plasmática, o que favorece a captação de aminoácidos para o interior da célula muscular, otimizando a síntese e reduzindo o catabolismo proteico.
         Vários trabalhos têm mostrado que as proteínas do soro favorecem o processo de redução da gordura corporal, por meio de mecanismos associados ao cálcio, e por apresentar altas concentrações de BCAA.
          As proteínas do soro são ricas em cálcio (aproximadamente 600mg/100g). Diversos estudos epidemiológicos têm verificado uma relação inversa entre a ingestão de cálcio, proveniente do leite e seus derivados, e a gordura corporal. Uma provável explicação seria que o aumento no cálcio dietético reduz as concentrações dos hormônios calcitrópicos, principalmente o 1,25 hidroxicolecalciferol (1,25(OH)2D). Em altas concentrações, esse hormônio estimula a transferência de cálcio para os adipócitos. Nos adipócitos, altas concentrações de cálcio levam à lipogênese (síntese de novo) e à redução da lipólise.
          Estudos mostram que o alto teor de BCAA das proteínas do soro afeta os processos metabólicos da regulação energética, favorecendo o controle e a redução da gordura corporal. Pesquisas têm reavaliado a contribuição dos BCAA para a homeostase glicêmica, pois esses aminoácidos são degradados nos tecidos musculares em proporção relativa à sua ingestão. Essa degradação aumenta as concentrações plasmáticas dos aminoácidos alanina e glutamina, que são transportadas para o fígado para a produção de glicose (gliconeogênese). Estudos sugerem que o ciclo alanina-glicose contribui em até 40% com a glicose endógena produzida durante o exercício, e em até 70% depois de um jejum noturno, estabilizando, portanto, a glicemia em períodos de jejum, e reduzindo a resposta da insulina após as refeições. Por elevar as concentrações plasmáticas de BCAA, a utilização de proteínas do soro nesses tipos de dietas seria vantajosa por reduzir a liberação de insulina pós-prandial e maximizar a ação do fígado no controle da glicemia, a partir da gliconeogênese hepática. Além disso, pelo fato de a leucina atuar nos processos de síntese proteica, altas concentrações desse aminoácido favorecem a manutenção da massa muscular durante a perda de peso.
          Em síntese, as proteínas do soro interferem positivamente na redução de gordura em função de seu alto teor de cálcio - e, conseqüentemente, pela atuação deste sobre o hormônio 1,25(OH)2D - e por agirem sobre os hormônios CCK e GLP-1. Sua utilização em dietas para perda de peso auxilia o controle da glicemia e a preservação da massa muscular devido às altas concentrações de BCAA.
           A importância das proteínas do soro no controle da hipertensão tem sido foco de inúmeras pesquisas. As proteínas do leite possuem peptídeos que inibem a ação da enzima conversora de angiotensina (ECA), que, por sua vez, está envolvida no sistema renina-angiotensina. A ECA catalisa a formação de um potente vasoconstritor, a angiotensina II e inibe a ação da bradicinina, um vasodilatador. Os peptídeos da caseína (casocininas) e das proteínas do soro (lactocininas) apresentam potente efeito inibidor da ECA.
          Inúmeras pesquisas vêm demonstrando outras propriedades nutricionais e funcionais das proteínas do soro. Estudos envolvendo a ação da fração GMP na prevenção da cárie, na absorção de zinco, além de sua extensa aplicação na indústria de alimentos, como, por exemplo, na produção de fórmulas infantis, panificação, embutidos, sorveteria, têm sido realizados. Entretanto, sua disponibilidade para o consumo populacional é ainda pequena. As proteínas do soro são, geralmente, encontradas sob a forma de pó em suplementos alimentares. 
Postado por : Camila Leão.

Referencias : http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-52732006000400007&script=sci_arttext
http://www.diacom.com.br/manuaisprodutos/referenciasbemvitalproteina/

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Proteínas


      A procura cada vez maior pelas academias de musculação relaciona - se com o aumento da preocupação com a saúde, a estética e com o aumento da massa muscular entre os praticantes. As proteínas são fundamentais para o corpo humano, pois desempenham diversas funções importantes, como regulação fisiológica (hormônios), regulação metabólica (enzimas), regulação osmótica (albumina), estando portanto, intimamente ligadas ao desempenho esportivo. Os músculos são constituídos basicamente por proteínas e o consumo adequado deste nutriente é de grande importância para sua adequada formação e recuperação e uma grande aliada no processo de hipertrofia.

       
       Estruturalmente, as proteínas são compostas a partir de uma combinação de 20 aminoácidos. Estes estão em constante movimento no corpo, como em uma reciclagem, em que ocorre síntese e degradação simultâneas das proteínas, principalmente entre fígado, músculos e sangue. Esse processo é denominado de turnover protéico. Quando estamos realizando atividade física, ocorre o aumento no tamanho e rigidez do tecido muscular, o que causa grandes oscilações entre a síntese e a degradação das proteínas. 
        Adultos de tamanho médio possuem cerca de 10 a 12 kg de proteína. A maior quantidade localiza - se na massa dos músculos esqueléticos - aproximadamente 60 %. Durante a digestão, as proteínas são hidrolisadas (quebradas) em seus aminoácidos para então serem absorvidas pelo intestino delgado. 

        A prática regular de exercícios tende a aumentar a necessidade de proteínas e aminoácidos que o organismo precisa consumir, em virtude da lesão muscular e do aumento das taxas metabólicas. Além disso, as proteínas são o único macronutriente que podem ser convertidos em carboidratos e lipídios. Elas devem oferecer, sobretudo, aminoácidos essenciais (proteínas de alto valor biológico) para que sejam utilizadas com eficiência no crescimento muscular. São encontradas principalmente em carnes, peixes, aves, ovos, leite e derivados.  





       É importante ressaltar que a ingestão de proteínas em excesso não resulta em maior síntese muscular, podendo sobrecarregar o rim e o fígado. Essa sobrecarga ocorre devido aos processos de desanimação (retirada do grupamento amino -NH3+ de um aminoácido, o qual é convertido em amônia e uréia no fígado – e transaminação (conversão de um aminoácidos em outro aminoácido). O consumo elevado de proteínas irá aumentar a freqüência de ocorrência desses dois mecanismos, que ocorrem principalmente no rim e no fígado. A dieta hiperproteica também pode aumentar o risco de desidratação, já que a uréia, produto do metabolismo das proteínas, estará em maior quantidade no sangue, sendo eliminada via urinária e solubilizada em água. Com isso, uma maior quantidade de água é perdida na urina.
      O corpo não possui locais de reserva para aminoácidos. Ou seja, aqueles que não são utilizados para a síntese de proteínas ou outros compostos, nem são consumidos no metabolismo energético, propiciam o substrato para o fenômeno da gliconeogênese ou são transformados em moléculas de triglicerídeos para armazenamento nos adipócitos (acúmulo de gordura), um efeito nem sempre desejado entre os praticantes de atividades físicas.  



 
       As proteínas podem também funcionar como fonte de energia para o organismo durante a prática de exercícios de maior intensidade. Por, isso geralmente leva a degradação do músculo, ou seja, catabolismo - quando o organismo passa a suprir sua carência energética destruindo suas próprias reservas. Por isso a importância da ingestão de carboidratos. Para que haja síntese de massa muscular e para que se evite a diminuição da musculatura durante a prática de exercícios físicos, é de fundamental importância que o conteúdo de carboidratos da dieta esteja em níveis adequados. Na ausência de carboidrato, mesmo com ingestão alimentar correta de proteínas, o organismo não é capaz de construir músculo. Não esqueça de ingerir também os micronutrientes (vitaminas e sais minerais). A deficiência de uma vitamina ou de um sal mineral na dieta pode interferir diretamente no ganho de massa muscular, mesmo que a dieta contenha quantidades adequadas de macronutrientes. Portanto, nunca deixe de lado as frutas, verduras e legumes.



Referências bibliográficas
Fisiologia do Exercício ( William McArdle, Frank Katch, Victor Katch )
Revista Brasileira de Medicina do Esporte - " Consumo de proteína por praticantes de musculação que objetivam hipertrofia muscular "

                                                                                   Postado por Juliana Andrade